Olhos Tristes

Posted: quarta-feira, 30 de junho de 2010 by Monty Cantsin in
0

Por que me olhas com olhos tão tristes?
Por que conquista-me com olhos tão irresponsáveis,
olhos perdidos em seu próprio tempo?
Por que me repele com olhos tão tristes, olhar taciturno?
O nobre, a dama, o vagabundo,
um dia qualquer que se passa,
um outro dia comum para o mundo,
um outro dia plantado em casa,
com olhos tristes, cabeça baixa,
aonde quer chegar? Qual estrada olhos assim avistam?
Olhos que vêem o fim do mundo antes de todos,
tristes, pois transformam dor em alegria.
Por que me olhas com olhos tão tristes?
Será que o mundo é de fato tão sádico, tão problemático?

A frente nada mais existe, aos lados, quem sabe,
o passado então transforma-se em angústia
quando deveria ser recordação bem-vinda,
recordação passa a ser tragédia, o intento do eterno machuca,
o eterno não existe, tudo acaba, um dia acabaremos,
um dia nada mais sobra da cabeça que pensa,
nada mais sobra dos momentos felizes,
nada mais sobra dos momentos tristes,
não sobram nem mesmo os momentos,
não sobra nem mesmo o resto do resto.
Por isso então hei de carregar olhos triste,
hei de carregar o mundo nas costas,
as dores no coração, as lembranças na cabeça,
a faca nas mãos e as botas nos pés.
Por que olhos tão tristes e lágrimas tão salgadas?
Por que tanta falta de cor, tanta nebulosidade?
Por que tanta lembrança, tanta saudade?
Por que falar tão pausado, sentir tão recluso?
Por que se interrompe com tantas paradas?
Por que se desgasta com falta de uso?

Por que me olhas com olhos assim tão tristes?
Por que me olhas com olhos assim tão tristes?

Abismo

Posted: sábado, 12 de junho de 2010 by Monty Cantsin in
1

É onde encontram-se os grandes homens, as grandes decisões,
é ponto final ou começo de tempo novo sem fim,
o altar das demências, o torpor da inocência,
no abismo as decisões são corretas,
no abismo e somente no abismo,
as loucuras são louváveis,
os amantes, amados,
no abismo, no fim,
no começo,
abismo.





Pensamentos intransigentes não levam ao topo, não morrem sem cor,
são meros instrumentos da lavoura dos maus augúrios,
a falta de controle representa a fraqueza necessária,
a fraqueza que enobrece, maltrata, engrandece,
e torna a ser fraca novamente, no abismo,
a franqueza de todos é fato,
os problemas são falsos,
a escolha, é faceira
o resultado?
Abismo.





No abismo os que se encontram se sabem menos do todo ou do nada,
se sabem sem saber o que de fato representa o verbo,
se impulsionam lado a lado, ombro a ombro,
contra o vento, contra o erro, abismo,
desespero, mas não derrota,
cansaço, dores lancinantes,
o fim no recomeço,
o nada no total,
pensar enfim,
abismo.



No abismo os sentimentos se reúnem, festejam o fato de serem soberanos as vezes,
a razão não desce, a razão não sobe, é simplesmente razão, analítica, fria,
os que se salvam não esperam poder pensar, poder viver, poder amar,
pois depois do fim, depois do abismo, depois de tudo, algo muda,
e se assusta... afaga com mãos de donzela, se maltrata... beija,
se machuca logo cura, nunca se estende, o abismo não mata
não morre, não vive sem viver, abismo
espera simplesmente o dia, o treino,
a coisa que homem do mundo,
precisa, e deve de fato saber,
para assim ser chamado,
homem do mundo,
herói vagabundo,
ser homem,
no abismo.




As regras são folhas que voam, pedaços de letras na nuca dos tolos,
são o principio, a exceção, a necessidade desnecessária,
a jaula dentro do abismo, a forma que diz trapaceira,
no fundo do abismo a luz brilha forte, insana,
o pensar em seu nível supremo se faz,
não sem querer, não aleatório, e sim
torna o pensar do ser soberano,
em questão dos sentidos,
sentimentos batidos,
atordoado sentir,
gostoso, cruel,
supremo,
abismo.

Posted: quinta-feira, 10 de junho de 2010 by Monty Cantsin in
1

Chega a noite e um homem chora, um choro abafado, dolorido, envergonhado.
Um choro de criança, lágrimas violentas, insanamente graciosas, puras.
Um homem chora enquanto o mundo todo sorri,
um homem que escolhe sua própria liberdade de não escolher, atônito,
selvagem, meramente homem, puramente homem, nada mais que nada,
talvez uma gota, ou simples acaso,
quem sabe até mesmo matéria, excesso de formas,
um dia um paspalho, no outro também.

Um homem que escolhe errado,
um simples homem, uma dádiva, uma dúvida, um folclore,
pedaço de tronco, pastilha no asfalto, solitário e não sozinho,
derrotado, ameno, o homem não sabe, o homem não faz,
se vive... é por simples convenção, habito, costume.
Nada foi homem, nunca foi mundo, partícula,
o cume de suas próprias entorpecentes visões declina,
o faz vislumbrar o céu, o limite, e a honra de homem que é forte,
não chora, não se entristece, não morre.
Durante a noite, um homem chora,
a dor do mundo, a fortaleza desaba, um choro comum de todos que choram,
sentidos?
Na dor não existem sentidos, é puramente escolha,
Arbitrária? A dor não é arbitrária, é frágil, é bela
germina na arte sementes de angústia, floresce, negras rosas,
velhas orquídeas, meros jasmins.
O homem não chora, o homem não morre, o homem não sabe viver,
a arte é quem mata, a arte é quem sofre, o poeta ?
Um simples instrumento da alma que chora,
um homem que chora, razões? Quem precisa de razões?
Um homem chorando já basta,
as dores do mundo no peito de um só.

Posted: sábado, 5 de junho de 2010 by Monty Cantsin in
0

Pensamentos se tornam palavras

(lentamente)

o coração parece não bater,

as idéias parecem estar batidas

(remoidas)

misturadas e absurdas

(vazias)

A vontade de querer se torna

(fraca)

a moleza do dizer se torna

(angústia)

quando tudo que se quer é uma

(faca)

para dividir em dois pedaços

(pensamentos)