A descoberta

Posted: domingo, 31 de outubro de 2010 by Monty Cantsin in
1

Romenos bradaram,
eu e você estávamos sozinhos,
enquanto sonhos,
não mais que absurdos,
sou assim,
menos, menor, mínimo,
pequeno,
corroído e suspenso.
Solidária companhia
minha
sua
onde está você?
Comigo não
sozinho estou
desejando ser conquista
sou menos,
em dias de noite chuvosa
menor.

Ela

Posted: terça-feira, 19 de outubro de 2010 by Monty Cantsin in
0

Ela deu um passo em falso... desequilibrou-se

atentou-se a detalhes miúdos e frágeis... tropeçou

tendo em mente seu ato otimista de cura... tropeça

descobre que ama seu mundo e dedica-se a ele... mas cai


Ela talvez escolheu se matar por ternura... clemência

por medo de vê-lo chorando sozinho... sujeita-se

a opor seus sentidos covardes em flores... tropeça

e inicia o romance que a leva a loucura... então cai


Ela discute seus planos de fuga sozinha... mas erra

completa maluca carente, incoerente em seus atos... se engana

disfarça seu medo entre ursinhos de pano... se perde

nos sonhos de dias perfeitos em cores... mas cai


Ela disfarça vontades em cenas de sexta... e voa

entre nuvens douradas de filmes antigos... e plaina

em seus mundos criados com base naqueles que ama... então para

e sem mais se descobre pedaços rompidos de tudo que foi... então cai

Gasto

Posted: domingo, 17 de outubro de 2010 by Monty Cantsin in
3

A sola da bota esta gasta, no todo, ressecada.
Os palitos mastigados nas duas extremidades, úmidos ainda.
O cinzeiro trasborda algo além de cinzas e bitucas.
Os livros estão rabiscados, os copos vazios, a parede... esburacada.
As latas estão enferrujadas, as juntas estão rançosas.
Os papéis espalhados pelo chão, o bolor pelo teto e a poeira por baixo da cama.

O sangue coagulado, a visão turva, a informação ultrapassada.
As cordas do violão estão estouradas, as revistas rasgadas.
O guarda-roupas esta vazio, as fotos amareladas.
O leite esta derramado não mais adianta chorar,
o óculos esta embaçado, o cobertor não mais protege do frio.
As velas estão derretidas mas ainda quentes,
no vaso, as flores procuram por sol.

Na boca os dentes gastos, nos olhos leve fogo,
o rosto reserva os traços daquele que ainda ama,
o corpo passa a ficar dolorido, os movimentos limitados.
As portas rangem feito filmes do passado,
um filme já visto diversos vezes, os diálogos... decorados,
as cartas descansam na cabeceira da cama,
os bilhetes na porta da geladeira não mais dizem nada,
os votos de felicidade eterna não mais significam nada,
os versos rabiscados nada mais dizem a não ser o óbvio,
as pernas não mais percorrem longos caminhos,
o copo de vinho é pesado, os nuances do dia são foscos,
e mesmo que houvesse uma escolha,
uma folha esperando a caneta,
nada teria a ser dito, nada seria escrito com sangue,
e mesmo que houvesse uma folha,
uma escolha esperando atitude,
nada teria a ser feito, nada seria escolhido de fato,
e mesmo que houvesse um caminho,
claro, nada difuso, iluminado,
não haveria de ser percorrido, seria caminho dos contos de fadas.

O osso esta mastigado, o piso quebrado,
o rosto cansado, o sofá desconfortável, o tapete manchado com tinta.
Os olhos ainda esperam por algo,
o coração ainda espera por algo,
a própria espera esta esperando por algo,
e ainda que houvesse tempo de sobra,
restaria somente a espera,
a vaga lembrança,
a discórdia final.