Posted: quinta-feira, 10 de junho de 2010 by Monty Cantsin in
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Chega a noite e um homem chora, um choro abafado, dolorido, envergonhado.
Um choro de criança, lágrimas violentas, insanamente graciosas, puras.
Um homem chora enquanto o mundo todo sorri,
um homem que escolhe sua própria liberdade de não escolher, atônito,
selvagem, meramente homem, puramente homem, nada mais que nada,
talvez uma gota, ou simples acaso,
quem sabe até mesmo matéria, excesso de formas,
um dia um paspalho, no outro também.

Um homem que escolhe errado,
um simples homem, uma dádiva, uma dúvida, um folclore,
pedaço de tronco, pastilha no asfalto, solitário e não sozinho,
derrotado, ameno, o homem não sabe, o homem não faz,
se vive... é por simples convenção, habito, costume.
Nada foi homem, nunca foi mundo, partícula,
o cume de suas próprias entorpecentes visões declina,
o faz vislumbrar o céu, o limite, e a honra de homem que é forte,
não chora, não se entristece, não morre.
Durante a noite, um homem chora,
a dor do mundo, a fortaleza desaba, um choro comum de todos que choram,
sentidos?
Na dor não existem sentidos, é puramente escolha,
Arbitrária? A dor não é arbitrária, é frágil, é bela
germina na arte sementes de angústia, floresce, negras rosas,
velhas orquídeas, meros jasmins.
O homem não chora, o homem não morre, o homem não sabe viver,
a arte é quem mata, a arte é quem sofre, o poeta ?
Um simples instrumento da alma que chora,
um homem que chora, razões? Quem precisa de razões?
Um homem chorando já basta,
as dores do mundo no peito de um só.

1 comentários:

  1. Amanda says:

    Como sempre, perfeito!!
    Seus posts fazem com que eu entre numa constante reflexão...
    Afinal, como é bom sentir, seja qual for o sentimento que faça com que entremos num estado de abismo, ele personifica o paradoxo, seja bom ou ruim, o fato de sentir é supremo e dilacerante.