Posted: quinta-feira, 22 de abril de 2010 by Monty Cantsin in
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Os que sabem demais que se calem,
aos tolos que reste um pequeno fio de sabedoria.
Que venha o dia da utopia,
que venha mais um dia, seguido de outro dia,
repetidamente criando um aglomerado de papéis amassados,
números riscados no calendário.

Que a ordem seja legitimada como baderna
e que a falcatrua seja considerada poesia.
Viva a falsidade
cantemos odes ao pessimismo e à indescencia,
que as rosas enfeitem o tumulo do plebeu apaixonado,
e a moldura eternize a infelicidade da princesa egoísta.

Os que sabem de menos que gritem a plenos pulmões,
aos sábios, que reste a utopia da razão,
repetidamente, criando assim um amontoado de papéis rabiscados,
palavras sem vida,
sem vida também as letras,
nem mesmo os sábios estão vivos,
se é que existe sabedoria no homem de hoje.

Que a loucura figure no intransigente plano dos padrões,
que a monotonia da vida seja inconseqüente, maravilhosa,
quem sabe até mesmo divertida, não linear
uma curva fechada no final da estrada das desilusões,
dos amores perdidos e das fotos amareladas na parede.
Que a falta de caráter seja motivo de orgulho, de inveja,
os coitados irão clamar por piedade e as crianças por novos pais,
no horizonte um emblema catastrófico separa, divulga,
as cartas estão na mesa, os movimentos estão cada vez mais singelos,
pequenos delírios transformam pedantes em cores vivas,
todos se perdem no meio da falta de assunto.

Aqueles que esperam a vida inteira morrem sem saber o que perderam
e os que perderam demais são condecorados com as medalhas da derrota
não existe um vitorioso, um exemplo a seguir, um modelo perfeito,
somos todos imperfeitos, bagunçados, perdidos no tempo, maldosos,
egoístas e principalmente cegos, somos todos figuras carimbadas,
heróis e vilões de romances mal escritos, filmes em preto e branco,
novelas confusas e poemas desestruturados.

Que a justiça seja feita com as próprias mãos,
aos envergonhados que reste a paixão pela incerteza,
pelas conversas alheias, pelos sonhos decompostos,
uma legião de santos idolatra baseado na falta de caráter,
a porta se torna um monstro, as pessoas se tornam estranhas,
que o recomeço seja recebido com alegria, com polidez,
que seja um novo dia, um novo tempo, um novo acorde.

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