Inexistente
Posted: terça-feira, 10 de julho de 2012 by Monty Cantsin in
0
Não existe o amor
puro,
o abraço seguro,
não existe o beijo
estalado com gosto de quero mais.
O outono deixou de
existir,
deixou de existir
também o inferno,
o inverno ainda
habita o coração dos desalmados,
se é que ainda existe
um corpo ou coração.
Deixou de existir o
começo, o fim,
o meio termo já cansado
partiu... como quem
não vai voltar.
Não existe a cumplicidade,
a veracidade dos
fatos,
foi-se embora o tempo
em que o respeito existiu,
foi-se embora o tempo,
virou passado,
vaga lembrança,
história mal contada,
saudosismo de boteco,
poema rasgado.
Não existe o altruísmo
nem mesmo o abismo do
ponto final.
Eu te amo é bom dia,
boa noite,
existe a palavra
desprovida de valor,
existe o rancor,
nas cabeças confusão,
existe o problema,
gigante,
a pequena solução.
Existe o covarde,
existe a hipocrisia,
existe a guerra, a
discórdia insiste em existir,
não existe o porto
das lágrimas
um dia existiu o
sorriso
um dia existiu...
um simples dia
o nada existiu,
fez-se verbo,
todavia foi-se em
prantos,
nada foi pois nunca
nada será.
Deixou de existir o
começo,
o poeta deixou de
existir.